quinta-feira, 17 de abril de 2014

Rap nacional: a minha história

Agora mando pra galera um trampo de Rap nacional. Nos meus 15/16 anos de idade cantei rap com uns camaradas. Eram eles: Paulo (PESO atual Paulada), Reni C.(Kverna), Sandro (Swing T. ), Juliano (Jota L), Dj Marcelo (Mjay) e tinha o pessoal da “banca” que eram MC'c, DJ's, B. Boys e Breakers, o MC Boca, DJ Claudinho, Dani Dieis, MC Tcheba, Juninho, Dj Wando, Dj Abel, Derik Sister Rap, Piveti, Nelsinho (Rap Sensation), Elieser (Dj Nyl), Artigo WRD,  Mané, Guru, Neno, Xandão, Sabotagem, Laskinha, Ronaldo, Beto, Elaine, Tchatchai ... Só sei que tinha gente pra caralho. Curtíamos os bailes do Clube da Cidade, Projeto Radial, Asa de Sto Amaro e de Pinheiros, Dama Xoc, Sunset Club, Xereta, Santana Samba , Sambary Love, Astro, Love Story, Espaço Atual, enfim, onde tinha rap a gente estava “colado”. Fizemos uma posse (que é um coletivo de admiradores do rap), a Símbolo Negro, íamos aos encontros de rappers e b. boys. 

A coisa foi tomando grandeza e tudo relacionado ao movimento Hip Hop queríamos estar informados e envolvidos. Conhecimento sobre grafite, dança, discotecagem, palestras sobre racismo, tradução das letras dos rap americanos, clips, música (muita música), livros, jornais, revistas enfim tudo que envolvia esse universo.

Íamos as festas/bailes, fazíamos ensaios, apresentações, muita, muita curtição na noite paulistana. Eu fazia as letras dos raps e mostrava pra rapaziada do meu grupo, na época o Dimensão Rap, e cada um dava um palpite e assim construíamos a parada. Uma vez fomos participar de um concurso no salão Barracão de Zinco, não deu em nada, nosso rap com o título de Drogas, não era uma droga, mas não passou pelo crivo dos jurados. Mas valia muito pela amizade, pelo divertimento e pela experiência de vida.



Imaginem só uma turma adolescentes, oriundos da periferia de São Paulo, vestidos com calça larga, tênis cano alto, camisas de times de basquete americano e bonés importados (o do time do Raiders era um dos mais usados). Era uma banca de respeito, mas até que a gente não arrumava muitas tretas, quer dizer de vez em quando o bicho pegava, mas ainda era na mão, sem cano. Com a experiência no rap, as letras foram ficando mais  políticas, mais elaboradas. O rap sério era nossa meta, mas quando se entra na vida adulta, se tem um pouco do doce amargo da ilusão. Acreditávamos que o rap salvaria o mundo e que não se venderíamos ao “sistema”. Não salvou o mundo, e nem deu tempo para nos vendermos, ainda bem!

NWA, CMW, Public Enemy, RUN DMC, Beastie Boys, LL Coll J, Onix e Wu Tang eram nossos espelhos musicais. Se fizermos um parâmetro hoje, NWA por exemplo tinha ostentação em suas letras, havia uma certa crítica ácida a polícia e ao racismo, mas havia também a vontade de ser o gangster do pedaço, o mais falado, o mais foda. Por outro lado tinha o Public Enemy com o discurso político mais consciente.

As bases dos raps era um pequeno problema, com a escassez de grana, o jeito era juntar todos do grupo e ir às grandes galerias, na Rua 24 de maio, nas lojas de importados e comprar algum single de rap. Na época devia sair por uns U$ 40,00 um disco com quatro musicas, só que o que valia pra gente era a faixa instrumental. Algumas das bases que cantávamos em cima eram:  Rise n’ Shine do Kool Moe Dee, Step to Me do Tim Dog e Mr. Tung Twista. Depois vieram outros tempos, formamos outros grupos de Rap, como o RDS (Reorganização do Sistema), Organização Brutal e por fim o Mente Aberta, acabei me afastando um  pouco , mas não sem antes deixar minha marca.

O Menteaberta gravou um CD independente com várias parcerias minhas nas letras e até participação nos vocais. Também fiz parcerias de letras com os rappers Jamal e Dimenó do Alvos da Lei, aliás para minha honra ambos gravaram. O Jamal gravou Lunático e Bomba H, o Alvos da Lei gravou Cena do Loco.  Até hoje digo, que o rap não saiu da minha veia e mesmo distante de alguns a consideração e amizade até hoje perdura. Espero que curtam o trampo do Menteaberta, que foi gravado em 1999, na casa do DJ Adilson Cardoso, no Jd. Campanário em Diadema. Simples, direto e feito com sofrimento e muita garra, dando destaque para o som Terror Urbano que era o nosso carro chefe ,feito em duas versões uma gangsta e outra mais na viajem.

Clique na capa que o som vai te pegar mano!


http://www.4shared.com/rar/F7UniZhOce/MENTEABERTA_-_O_SOM_J_TE_PEGOU.html


Um comentário:

Xandão disse...

Manooo..., meu amigo Marcelo vugo Chelo, to arrepiado!. Linda estoria de vida e agradeço por lembrar de mim..., pois não esqueço os amigos e momentos, e roles que fizemos tenho muita saudade do nosso tempo, digo nosso tempo mais o tempo não acabou espero qualquer hora te encontrar e colocar nossas idéas em dia, fica com Deus.
Forte abraço - Xandão.