quarta-feira, 16 de novembro de 2016

O Rei que é Principe do Pagode

Ninguém é príncipe à toa e o que o diga Reinaldo o Príncipe do Pagode que já tem idade e nome de Rei e continua no principado. O carioca erradicado em São Paulo começou por aqui sua carreira com o lançamento do LP Retrato Cantado de Um  Amor em 1986!. Em 1990 foi indicado ao Prêmio Sharp de Música de melhor cantor, pelo álbum Coisa Sentimental que havia sido lançado um ano antes.

Seu nome completo é Reinaldo Gonçalves  Zacarias e cresceu no bairro de Cavalcante no Rio de Janeiro. É do bairro também a escola de samba que ele frequentava, a G.R.E.S. Em Cima da Hora. Formou então o Grupo  O Samba Nosso de Cada Dia e acompanhou sambistas importantes como Dona Ivone Lara, Roberto Ribeiro e João Nogueira. Reinaldo que trabalhava no Citibank, largou o emprego para vir pra São Paulo, pelos idos de 1982, e fazer sua carreira. E o que o trouxe foi a vontade de desbravar, já que o movimento Pagode (nos anos 80) no Rio estava com muitas e muitas figuras, já em São Paulo a coisa estava no começo. Bom pra ele que poderia trazer a experiência das rodas de samba que vivenciou e começar um movimento por aqui.

Mas o que chama atenção em Reinaldo é sua voz potente e afinada, que parece cantar sorrindo. Sem contar que seu carisma de ser uma pessoa do bem, gentil, também atrai as pessoas.

Na parte musical além de sempre estar  acompanhado de bons músicos, que fazem questão de tocar com ele, Reinaldo também esta sempre abrindo oportunidades para os mais jovens entrar em sua banda. E seu repertório é outro caso a parte, sempre com ótimas músicas e que parecem ser escolhidas a dedo para sua voz.  E o outro detalhe é que são canções de compositores diversos e não se rende ao banal, sempre apostando em belas canções e letras com certa poesia.

Um momento marcante de sua carreira foi o disco de ouro com Coisa Sentimental de 1989, mas outros êxitos foram os três volumes do Pagode Pra Valer. Esses vinham num formato ao vivo, mas com arranjos e dando ênfase aos instrumentos mais percussivos e harmonia do pagode (cavaco, banjo, violão e violão de 7). Nesses trabalhos dispensaram-se o uso de teclados, baixo e guitarra, por exemplo, instrumentos que sempre foram bem usados em suas produções de estúdio, foi uma volta a raiz literalmente.

O Blog dimiliduques coloca o primeiro trabalho de Reinaldo intitulado Retrato Cantado de Um Amor. Foi lançado em 1986 pela gravadora Continental com direção de produção de Mauro Diniz. Destaques para os sucessos Retrato Cantado de Um Amor (Adilson Bispo/Zé Roberto) e Ô Irene (Reinaldo/ Geovana). Mas tem também as faixas PT Saudações (Jorge Aragão/Paulinho Rezende), Teu Jeito - participação Djane (Arlindo Cruz/Sombrinha/Acyr Marques) e Gostar Como Eu Queria (Arlindo Cruz/Sombrinha). No estúdio teve participação dos músicos; Jorge Simas (Violão de sete cordas), Paulão (Violão), Mauro Diniz (Cavaco e banjo), Luca (Contrabaixo), Evaldo (Teclado), Gordinho (Surdo), Marcos Alcidesd, Claumir e Bira Hawai (Percussão Geral) Waltinho (Bateria), Fuxico (Congas), Felipe (Cuíca), Dinora, Leila, Telma, Tavares, Rixxa, Zelia, Elson, Nô e Bira Hawai (Coral).


Clique na capa Veja Bem nosso post é perfeito pois até nos defeitos sabemos nos superar








sexta-feira, 11 de novembro de 2016

Repost: É bem maior que um tom é o Mé Maior

Em 1981 amigos e familiares comemoravam o aniversário de um sobrinho e formaram um grupo de samba para tocar nessa comemoração. E esse grupo acabou seguindo e se apresentando numa festinha ali, sendo convidado por outra ali... Até que foram tocar num bar na Avenida Paulista e o grupo ainda se chamava O Musical Paulista. Nesse mesmo bar além de diversos artistas estava o radialista Estevam Sangirardi (um dos precursores do humor no rádio).  Gostando da apresentação do grupo ele os convida a participar de seu programa de paródias “Show de Rádio” na Jovem Pan, onde o mote era o humor e o futebol. Sangirardi com seu jeito brincalhão acabou rebatizando o grupo de Mé Maior, fazendo um trocadilho com a nota musical. Em seu programa ele até anunciava: Para festas em geral, músicos que não dão despesas: já vem jantados!. Diz a lenda também que o nome saiu de um fato corriqueiro, uma noite os amigos estavam reunidos e o garçom servindo a cachaça num copo pequeno e um deles disse: o garçom! tem como trazer um Mé Maior?.  

Bom o importante era que o grupo estava formado e começou se apresentar em diversos locais na capital paulista. Tempos depois eles foram convidados por Benê Alves a participar no LP Pagode Pra Valer Vol. 1 da Bandeirantes (1985/Disco Ban) com a faixa Quero Ver Você Fazer. Com o sucesso, a gravação do primeiro trabalho solo era uma questão de tempo. E chegou em 1991 pela RGE com o LP Raízes do Futuro, álbum esse que consta um dos maiores êxitos do grupo que foi a música Janaína (Doce Presença) de composição do componente Lyra. O blog dimiliduques põe a disposição o LP Pra Você gravado em 1992 pela gravadora BTB. Foi um disco em que o grupo literalmente meteu a mão na massa. A produção foi de Ricardinho e Benê Alves com arranjos de Eduardo Neto e Lyra. 

Além dos componentes do grupo foram convidados como músicos adicionais, Edmilson e Benê Alves no violão, Eduardo Neto nos teclados, Ocimar no contrabaixo e Max na percussão. Nas composições além dos componentes do grupo, músicas de Benê Alves, Antonio Luiz, Gambier, Laércio e Wilson Miranda. O grupo era muito falado no meio do samba por ter uma qualidade musical afiada. Desse disco destaco as balançadas Momentos Lindos (Antonio Luiz/Gambieira)  e Menina Linda (Benê Alves) que tocou muito nas rádios e saiu até em coletânea da Band Brasil. Mas tem outras belas músicas como Chama (Tinho), Elisa (Lyra), Meu Ser (Ricardo Nill) e a regravação de Pra Você (Jerry Fuller versão de Wilson Miranda) que foi sucesso na voz do Trio Esperança. Também gosto muito de Toque Mágico (Lyra) com uma batucada de primeira e coral afinado e pra finalizar se o Fundo de Quintal tem a musica Amizade o Mé Maior tem Amigo (Tinho) que versa sobre o mesmo tema e é muito bacana.

Os componentes do grupo moravam a maioria na região da Vila Santa Catarina na Zona Sul de São Paulo. Na época do disco Pra Você a formação contava com; Ricardinho (vocal, cavaco e teclados), Tinho ( vocal/violão de 7 cordas),Lyra (vocal, guitarra e banjo), Betinho (percussão e bateria), Carlão (vocal e surdo), João (vocal e repique), Miro (vocal e tamborim), Jorge (vocal e reco) e Serginho (vocal e contrabaixo). O grupo tem uma base familiar, forte e unida, das poucas mudanças de formação que teve, entre saídas e entradas podemos citar João Grandão, Tim, Tatu e Jimmy ( cavaco e vocal).

O grupo conta com lançamentos em coletâneas como Pagode Pra Valer vol. 1 (1987/Disco Ban). E teve também destaque em um dos LPs da série de coletâneas da Band FM referente ao programa Band Brasil apresentado por Gleydes Xavier e Benê Alves. Aliás o Tema do programa era do grupo Mé Maior no LP Band Brasil 2 (1990/RGE). A discografia é: Raízes do Futuro (1991/RGE), Pra Você (1992/BTB), Corpo e Alma (1994/Nenê Records), Louco Por Você  (1995/Alpha) e Mé Maior Sucessos (2011/GP Musical). 

Clique no link e beba um litro de mé maior!







http://www.4shared.com/rar/OCvmPTZMce/M_Maior__1992__Pra_Voc.html?




quinta-feira, 10 de novembro de 2016

Onde há fumaça há fogo, Funk, Soul e Samba



Fui apresentado ao som da Banda Black Rio meio que por acaso, mas como eu amante da música negra, da música bem tocada, da música feita com verdade não conhecia?. É aquela velha história, por mais que você ame um movimento, tem coisas que só serão acessíveis quando uma alma bendita tira do baú e lhe mostra ou realmente naquelas escavações aleatórias você descobre num sebo. Não foi esse o caso, já que o LP de 1977, Maria Fumaça da Banda Black Rio foi desde seu lançamento reconhecido como uma jóia.



Ele é instrumental, talvez esse um dos motivos porque não atingiu o grande púbico. Recentemente houve muito burburinho quando DJs ingleses descobriram essa perola e através disso o disco virou cult e caro na Europa. E essa admiração respingou em influências a bandas como por exemplo Jamiroquai, Incognito e Brand New Heavies Dificilmente quem gosta de boa música fica incólume ao ouvi-lo. Lá pelos idos da década de 90 escutei e nunca mais saiu do meu coração. Na ocasião o Dj Jamal do Alvos da Lei possuía um exemplar e eu curioso pedi para escutar.

Hoje o disco já é figura fácil na net, ganhou versão em CD pela Polygram e ainda bem, quanto mais pessoas conhecerem “eu acho é bom”. Do disco eu conhecia a faixa Maria Fumaça (Oberdan/Luiz Carlos) de um LP perdido em casa, era a coletânea que foi trilha sonora da novela da Globo, As Locomotivas.

A banda foi fundada em 1976 no Rio de Janeiro e era formada Luiz Carlos Santos (bateria e percussão), Jamil Joanes (baixo), Oberdan Magalhães (saxofone), Lucio J. da Silva (trombone), Cristóvão Bastos (teclado), José Carlos Barroso (trompete) e Claudio Stevenson (guitarra). O primeiro LP foi batizado de Maria Fumaça e foi lançado em 1977 pela gravadora WEA/Atlantic. A produção foi do fera Marco Mazzola que é responsável técnico de muitos trabalhos na MPB, como por exemplo Gal Costa, Ney Matogrosso, Elis Regina Raul Seixas, Chico Buarque... O disco além da turma da Black Rio trás a cozinha rítmica de Nene, Geraldo Sabino, Wilson Canegal e Luna.

A capa é bem psicodélica, caleidoscópica, com o retrato dos integrantes em círculo. Tirada pelo fotógrafo Sebastião Barbosa, que no mesmo ano fez a capa do Pra Que Vou Recordar o Que Chorei do interprete Carlos Dafé. 

Como não se encantar com Mr Funky Samba (Jamil Joanes) ou o famoso Baião (Luiz Gonzaga/Humberto Teixeira). Simplesmente maravilhosas! A banda fazia uma mistura entre o soul, funk, jazz com samba. Destaque também para regravação/revisitação a música Na Baixa do Sapateiro (Ary Barroso) e da esplêndida Leblon Via Vaz Lobo (Oberdan) e Metalurgica (Claudio Stevenson/Cristovão Bastos). O instrumental era vertiginoso, num abraço groove total entre guitarra, baixo e bateria, entremeados de ardentes metais e a pitada certeira apimentada de samba. Fora um ar de improvisação libertária e que é assustadoramente técnica.

O tecladista William Magalhães, filho do saxofonista Oberdan Magalhães (falecido em acidente de carro em 1984) formou em 2001 uma nova Black Rio. A formação original acabou se desfazendo depois de um ano desse dia fatídico. A nova formação andou fazendo ótimos shows pro onde passou revisitando musicas clássicas. Na ativa a banda lançou além de Maria Fumaça os LPs Gafieira Universal (1978/RCA Victor) e Saci Pererê (1980/RCA Victor). Tem também os disco em que Black Rio participou como banda, é o caso do disco Bicho Baile Show de Caetano Veloso gravado ao vivo em 1978 no Teatro Carlos Gomes no Rio, só lançado em 2002, pela Universal, na coleção Todo Caetano. 


Clique vai sair fumaça do som




quarta-feira, 2 de novembro de 2016

Um funk e soul e suas várias versões

Nostalgia eis me aqui. Vou falar hoje sobre o hit Same Beat do godfather of soul James Brown. A primeira vez que a ouvi se não me falha a memória foi num LP chamado Let’s Dance Vamos Dançar da gravadora Rhithym Blues a capa era uma cópia descarada do LP Mr Soul de Charles Wright.  A música em questão é um dos funk/soul mais bem executados que já ouvi, sabe uma batida que empolga, um riff que entra pelos ouvidos e gruda nas memórias afetivas? Então essa música para mim se chama Same Beat.

Muitos podem até dizer, a música fica só repetindo: Same Beat ! Same Beat! . Não é bem assim...além de umas frases soltas em trechos da música,  a combinação e melodia são únicas e as intervenções malucas, desde um trompete praticamente gritando, barulho do público, a um galo cantando. E para dançar ela também funciona como um turbo de adrenalina ou seria um tubo de adrenalina?

Mas afinal Same Beat é de James Brown ou da banda JB’s? os créditos são para Fred Wesley e The JB’s porém a letra, arranjo e produção é de James Brown. A gravadora foi a People Records e a data é fevereiro de 1974, um single de 7” polegadas que fez história.

E há versões mais curtas conhecidas como Part 1 que rolavam mais nos bailes e nas rádios. E tem a Same Beat parts 1,2 e 3 para quem quer se embriagar um pouco mais. Agora se quiser uma overdose é só baixar o arquivo que o blog dimiliduques põe pra vocês intitulado I Want Enough Same Beat’s. Na imagem eu usei uma foto que eu tirei do meu velho walkman. Você encontrará no set list,  versões, regravações , originais e alguns raps em que ela foi usada como sampler principal. Sem contar que James Brown é o artista mais sampleado do hip hop, serviu de base para muita gente. Isso corrobora minha opinião que a pegada Funk dela é tão boa que fez a cabeça da maioria dos DJs, não só do Brasil, mas do mundo.


clique na capa e balance um soul na sala