quinta-feira, 10 de novembro de 2016

Onde há fumaça há fogo, Funk, Soul e Samba



Fui apresentado ao som da Banda Black Rio meio que por acaso, mas como eu amante da música negra, da música bem tocada, da música feita com verdade não conhecia?. É aquela velha história, por mais que você ame um movimento, tem coisas que só serão acessíveis quando uma alma bendita tira do baú e lhe mostra ou realmente naquelas escavações aleatórias você descobre num sebo. Não foi esse o caso, já que o LP de 1977, Maria Fumaça da Banda Black Rio foi desde seu lançamento reconhecido como uma jóia.



Ele é instrumental, talvez esse um dos motivos porque não atingiu o grande púbico. Recentemente houve muito burburinho quando DJs ingleses descobriram essa perola e através disso o disco virou cult e caro na Europa. E essa admiração respingou em influências a bandas como por exemplo Jamiroquai, Incognito e Brand New Heavies Dificilmente quem gosta de boa música fica incólume ao ouvi-lo. Lá pelos idos da década de 90 escutei e nunca mais saiu do meu coração. Na ocasião o Dj Jamal do Alvos da Lei possuía um exemplar e eu curioso pedi para escutar.

Hoje o disco já é figura fácil na net, ganhou versão em CD pela Polygram e ainda bem, quanto mais pessoas conhecerem “eu acho é bom”. Do disco eu conhecia a faixa Maria Fumaça (Oberdan/Luiz Carlos) de um LP perdido em casa, era a coletânea que foi trilha sonora da novela da Globo, As Locomotivas.

A banda foi fundada em 1976 no Rio de Janeiro e era formada Luiz Carlos Santos (bateria e percussão), Jamil Joanes (baixo), Oberdan Magalhães (saxofone), Lucio J. da Silva (trombone), Cristóvão Bastos (teclado), José Carlos Barroso (trompete) e Claudio Stevenson (guitarra). O primeiro LP foi batizado de Maria Fumaça e foi lançado em 1977 pela gravadora WEA/Atlantic. A produção foi do fera Marco Mazzola que é responsável técnico de muitos trabalhos na MPB, como por exemplo Gal Costa, Ney Matogrosso, Elis Regina Raul Seixas, Chico Buarque... O disco além da turma da Black Rio trás a cozinha rítmica de Nene, Geraldo Sabino, Wilson Canegal e Luna.

A capa é bem psicodélica, caleidoscópica, com o retrato dos integrantes em círculo. Tirada pelo fotógrafo Sebastião Barbosa, que no mesmo ano fez a capa do Pra Que Vou Recordar o Que Chorei do interprete Carlos Dafé. 

Como não se encantar com Mr Funky Samba (Jamil Joanes) ou o famoso Baião (Luiz Gonzaga/Humberto Teixeira). Simplesmente maravilhosas! A banda fazia uma mistura entre o soul, funk, jazz com samba. Destaque também para regravação/revisitação a música Na Baixa do Sapateiro (Ary Barroso) e da esplêndida Leblon Via Vaz Lobo (Oberdan) e Metalurgica (Claudio Stevenson/Cristovão Bastos). O instrumental era vertiginoso, num abraço groove total entre guitarra, baixo e bateria, entremeados de ardentes metais e a pitada certeira apimentada de samba. Fora um ar de improvisação libertária e que é assustadoramente técnica.

O tecladista William Magalhães, filho do saxofonista Oberdan Magalhães (falecido em acidente de carro em 1984) formou em 2001 uma nova Black Rio. A formação original acabou se desfazendo depois de um ano desse dia fatídico. A nova formação andou fazendo ótimos shows pro onde passou revisitando musicas clássicas. Na ativa a banda lançou além de Maria Fumaça os LPs Gafieira Universal (1978/RCA Victor) e Saci Pererê (1980/RCA Victor). Tem também os disco em que Black Rio participou como banda, é o caso do disco Bicho Baile Show de Caetano Veloso gravado ao vivo em 1978 no Teatro Carlos Gomes no Rio, só lançado em 2002, pela Universal, na coleção Todo Caetano. 


Clique vai sair fumaça do som




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